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terça-feira, 20 de março de 2018

O que achei? O Último Adeus, Cynthia Hand

Seguindo quase firme na minha meta literária desse ano, esse foi o livro da vez, O Último Adeus, da Cynthia Hand.





Sinopse: O livro é narrado pela Lex, a irmã mais velha de Ty, que se matou recentemente com um tiro no peito. Ela começa a escrever um diário a pedido de Dave, seu terapeuta como uma alternativa a remédios que ela faz questão de não tomar, ele quer que Lex sofra o luto para conseguir seguir em frente. Ela  convive com o peso do suicídio do irmão, a tarefa de cuidar da mãe e a culpa.



O que achei: 
A narrativa é em primeira pessoa pela Lex, o que nos dá acesso direto aos seus pensamentos e a sua culpa, eu consegui sentir a culpa dela, e fiquei curiosa com o motivo e nossa QUE motivo. Lex começa a escrever em seu diário e nós vamos acompanhando os detalhes do suicídio do Ty, memórias da infância deles, a indignação por não ter dado mais atenção aos problemas do irmão. 
Acho que por ter irmãs e familiares com depressão consigo me colocar no lugar dela. Apesar de ser um tema pesado, suicídio, a leitura flui rápido,  principalmente no final, li em dois dias. 
Os personagens secundários são muito bem escritos também, eu adorei as amigas da Lex, que não sabem muito bem como agir mas estão tentando ajuda-la, o Steven, ex namorado da Lex, que a ama mas entende que não pode forçar a barra e está sempre do lado dela, e desculpa, mas não consegui não me irritar um pouco com a mãe da Lex, que se esqueceu que ela também precisava de cuidado, de colo.
Eu gostei muito desse livro, a escritora escreve muito bem e com muita propriedade já que o irmão dela também cometeu suicídio, Cynthia deixa claro para nós que apesar do tema em comum, a história com a famílica dela foi diferente, o modo como eles lidaram com isso, mas foi impossível para mim não tentar enxergar um pouco dela na Lex
Além disso, os debates que o livro trás, ainda que de forma sutil, são muito importantes, como o fato de suicidas serem vistos como egoístas (e o fato da escola da Lex "valorizar" a morte de um garoto que sofreu com o câncer e "tentarem apagar a existência de Ty" porque ele se matou) e também a discussão sobre depressão, sobre como temos que prestar mais atenção nas pessoas, nos sintomas, nas vezes em que elas fingem estar bem. 
Eu gostei muito desse livro, e a parte que mais mexeu comigo talvez tenha sido a mais óbvia, o bilhete que o Ty deixa para a mãe, "Desculpa, mãe, mas eu estava muito vazio"


Trechos do livro: 

"As pessoas que amamos nunca se vão realmente, diz ele. Não aprendeu isso?"

"Nós nos beijamos, então, e o tempo nos envolveu. O tempo passou.
No entanto, em algum momento desses segundos, meu irmão estava indo para a garagem escura com o rifle antigo de caça do meu pai e uma bala que eu não devo ter deixado de perceber.
Para arruinar tudo, penso, ás vezes.
Para morrer."

"Isso vai parecer meio lugar-comum, mas nunca se sabe quando vai ser a última vez. Que você abraça alguém. Que você beija. Que você se despede."

"Morrer 
É uma arte, como tudo mais
Nisso sou excepcional.
Faço parecer infernal
Faço parecer real.


Existe morte ao nosso redor. Em todos os lugares para onde olhamos. !.8 pessoas se matam a cada segundo.
Só não prestamos atenção. Até começarmos a notar."

"Eu me recuso a me sentir culpada por algo que você fez. Digo, mas não estou sendo sincera.
Eu me sinto culpada, sim.
Todos os dias."

"O tempo passa. É a regra. Independente do que aconteça, por mais que pareça que tudo em sua vida está congelado em um momento, o tempo segue em frente."

"Gosto  porque ela se deriva de um verbo. Responde El. "Bravo não é algo que alguém seja. É algo que se faz. Vem de ação. Gosto disso."

"Não compreendo - falei ao olhar para as rosas envoltas em plástico. 
Porque dar a uma garota algo que deveria representar o amor e que vai murchar em poucas horas?
Então o garoto disse : As melhores coisas são assim Lex, as mais lindas. Parte da beleza vem do fato de que elas vivem pouco. - Ele pegou um buquê de rosas bem vermelhas, e o entregou a mim. 
Estas flores nunca mais serão tão lindas assim, por isso temos que aprecia-las agora."

"Mas se acontecer, tem que me dizer. Ligue, envie mensagem, pode me acordar ás três da madrugada, não me importo. Quero saber. Estou ao seu lado. 
Ele não olhou nos meus olhos, mas assentiu. - Está bem.
Prometa - disse ele.
Prometo.
Ótimo - falei, mas temi que meu irmão estivesse dizendo o que ele sabia que eu queria ouvir.
No fim, eu não deveria ter me preocupado se ele cumpriria sua promessa. Deveria ter pensado se eu cumpriria a minha."

"Você está parecendo a equação de Euler - murmurou ele, olhando para mim de cima abaixo.
Tradução nerd: dizem que a equação de Euler é a fórmula mais perfeita. Simples, mas elegante. Bonita." 

"Não me lembro do resto do baile. Está perdido com outros segundos insignificantes de minha vida. Eu, Steven, Ty. O tempo passando. Eu não sabia aproveitar o momento na pista, entender como ele era bonito, raro, frágil, efêmero, quando Ty estava feliz. Quando estávamos todos felizes, e estávamos seguros. 
Eu não sabia.
Eu não sabia."




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