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segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Trechos de: Se não eu, quem vai fazer você feliz? Grazon

"Me conta uma coisa, e esse apelido? Por que Chorão?
'Foi um brother meu, o Bolota, de São Paulo, que começou a me chamar assim. Quando eu morava lá, tava sempre com uma galera mais velha que se reunia pra andar de skate embaixo da marquise do Ibirapuera. Sei lá, acho que eu reclamava muito e eles ficavam pegando no meu pé, falando pra eu parar de chorar. Mas quer saber a real? Eu sou emotivo pra caramba e choro mesmo'
Não acreditei muito no 'emotivo', mas depois, conforme a gente foi se conhecendo, pude constatar que era a mais pura verdade."



"Nossa! O seu cabelo é vermelho fluorescente!'. Ele se virou para mim, abriu um sorriso enorme e falou: 'você!'. Foi quando eu percebi que o cara do cabelo engraçado era o Alê, o Chorão."



"Para as coisas funcionarem direito era necessário que cada integrante entendesse o seu papel dentro do grupo, saber que estava no lugar certo e relaxar, mas isso não era  fácil. E uma coisa era inegável: o Alê era mesmo o líder. Na hora dos problemas, era ele quem quebrava a cabeça e achava as soluções. Estar nessa posição, ter que enfrentar conflitos constantemente, não era algo fácil. Mas faço questão de frisar que, apesar desse jeitão linha dura, o Alêxandre tinha um amor imenso por cada um dos integrantes da banda. Eram os seus companheiros, e ele fazia de tudo por eles. E tenho certeza de que eles sabem disso."

"Também existia algo muito importante nisso tudo: eu queria que ele se orgulhasse de mim. A meu ver, o amor anda de mãos dadas com a admiração, e eu tinha me transformado numa mulher que, nos últimos anos, só ficava em casa e cuidava das coisas dele. 
Bem diferente da Graziela que ele conheceu, independente e batalhadora. Aquele curso ajudou a resgatar tudo isso. Alguns anos depois, na minha formatura, ele estava lá, na primeira fila, me aplaudindo com aquele sorriso orgulhoso no rosto."




"O melhor da lua de mel foi perceber que não fazia muita diferença se estávamos em Miami, Nova York, Santos ou São Paulo. O grande  prazer era estar um do lado do outro, onde quer que fosse, agora casados, nos divertindo, experimentando coisas novas, descobrindo o mundo juntos."

"O vício trazia a tona seu lado mais sombrio. Ele ficava muito paranoico, tomado por pensamentos ruins o tempo todo. O ciúme de mim se tornou doentio e descontrolado."

"Falava que era muito doído cantar algumas músicas, como "Quinta-feira", sobretudo o refrão, 'parecia inofensiva mas te dominou', que era como se ele estivesse cantando para si mesmo."  



"Na madrugada do dia 5 para o dia 6 de março, eu tive um sonho estranho, no qual o Alexandre estava em pé diante de mim e atrás dele havia um vulto bem alto e escuro. Ele me dizia que iria viajar, que não aguentava mais e que precisava partir. E eu pedia a ele que ficasse, que não poderia me deixar sozinha. Mas ele insistia que tinha de ir embora. Despertei de repente, com o som da campainha tocando sem parar e batidas fortes na porta do meu apartamento. Quando abro, dou de cara com minha mãe e a Mariela, chorando.
-- O Alê, filha."



"Aprendi que não estamos no controle de nada, a não ser das nossas próprias escolhas, e que, a partir delas, podemos criar esta ou aquela realidade. Essa tomada de consciência não aconteceu de uma hora para outra. Tive várias crises intercaladas com momentos em que eu acreditava ter alcançado alguma paz. Mas percebi que esse processo é contínuo e individual. Não há uma fórmula pronta para fazer tudo ficar bem para sempre. Ao contrário: é uma busca constante, que exige muita atenção e carinho consigo mesmo."

"Hoje compreendo que só me tornei o que sou graças a tudo o que vivi. Acolho cada experiência com amor e gratidão eternos. Se um dia quis fugir da minha história, hoje a carrego como um estandarte, com muito orgulho."




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